terça-feira, 28 de agosto de 2007

Submarinos "afundam" imagem da Reuters

Foi uma vergonha polar. A agência de notícias Reuters publicou o que imaginava ser um furo mundial: imagens de minisubmarinos fincando a bandeira russa no fundo do mar ártico.

Primeiro problema: a agência não checou a informação. Alguém na Reuters viu a imagem em uma TV da Rússia e correu para a Internet, distribuindo-a pelo mundo inteiro.

Segundo e maior problema: Waltteri Seretin, um garotinho finlandês de 13 anos, viu a reportagem e reconheceu aqueles submarinos. Pareciam iguaizinhos aos de uma das primeiras cenas do filme Titanic.

Seretin fez o que a Reuters não quis fazer. Checou a informação. Ele acionou seu DVD e estava lá: a cena era mesmo retirada do filme. Contactou, então, o tablóide Ilta-Sanomat e desmascarou a agência de notícias.

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sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Em vez do Photoshop

De um bom jornalista exigia-se domínio do idioma e conhecimento das técnicas de apuração e reportagem, além de ética, é claro.

Mas ninguém precisava ter maiores informações sobre fotografia, por exemplo.

Hoje, o jornalista precisa transitar confortavelmente pela edição e tratamento de imagens.

Uma infinidade de programas ajuda nessa tarefa. O mais completo deles é, sem dúvida, o Photoshop, mas a maioria de seus recursos jamais será usada por um jornalista. Além de tudo, é muito caro.

Qual a alternativa? Há várias, muitas delas gratuitas e disponíveis para uso pela Internet.

Veja exemplos de programas para tratamento de imagem:

É ético apagar ou alterar textos da Web?

Aconteceu comigo. E com Craig Whitney, editor do New York Times.

Há alguns dias recebi um pedido inusitado: uma ex-aluna solicitava que retirasse do ar entrevista que fizera no semestre anterior, para a disciplina Agência de Notícias.

Motivo: a fonte aparentemente teria se arrependido das declarações que dera.

Como se tratava de um trabalho acadêmico, que no fim das contas pertence ao educando que o fez, apaguei o texto.

Craig Whitney, do NY Times, recebeu pedido semelhante. Mas se recusou a deletar ou alterar a informação. "Não podemos reescrever a história", argumenta.

O assunto promete render muitas discussões. É ético modificar ou mesmo destruir um texto, às vezes anos depois de publicado na Rede? Essa prática não abriria espaço para manipulações?

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Quando usar um hiperlink

"Quando será que os jornais online vão entender o que significa hipertextualidade e passar a usá-la?"

A pergunta é de Marcos Palacios no excelente Blog do GJOL (veja, sobre jornalismo online mal feito, o post "Folha muda e fica igual").

O uso dos hiperlinks também é discutido no Wordblog, por Andrew Grant-Adamson (leia o artigo, em Inglês), que alinha alguns critérios.

Repito a tradução feita por Marcos Palacios para o texto de Adamson:

"Ao escrever uma postagem para um blog, eu desenvolvi quatro regras de linkagem:
1. O texto da postagem deve ser construído de modo a poder ser lido e fazer sentido sem que se siga qualquer dos links
2. Faça links para todo o material-fonte possível, fornecendo, pelo menos, uma breve indicação de seu conteúdo
3. Quando não for possível linkar porque o material não está online, cite mais extensamente a partir dele
4. Em áreas nas quais se espera que os leitores tenham conhecimentos, mas suspeita-se que alguns podem não tê-los, forneça links para material de apoio, como biografia ou história".

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Folha muda e fica igual

A Folha Online está de cara nova (veja o que mudou na Folha) .

São alterações cosméticas, embora os responsáveis achem que tornam a leitura "mais agradável, com textos e páginas mais vibrantes, leves e ilustrados".

Transpor o texto do impresso, colocar aqui e ali algumas imagens e inserir uma enquete na página inicial está longe de ser jornalismo online.

Os recursos de multimídia continuam sendo mal e porcamente utilizados e a interatividade limitada.

Mudou. Mas ficou igual.

domingo, 19 de agosto de 2007

Um público à espera de conteúdo

Eu assinava um serviço de notícias via SMS (sigla em inglês para Short Message Service, ou Serviço de Mensagens Curtas).
Um dia, recebi, no celular, a informação de que subira o preço da cebola, em Porto Alegre.

Moro em Salvador, odeia cebolas e não tinha a menor intenção de ir para o Rio Grande do Sul. Para que, então, tomaram meu tempo enviando-me uma informação inútil dessas?

Cancelei o serviço.

Lembrei do caso ao ler a conclusão de estudo feito pelo Ibope/Target Group Index: "60% dos brasileiros que vivem nos principais mercados consumidores do país possuem um celular, número que sobe para 83% entre os integrantes da classe A/B e 69% entre os jovens de 20 a 24 anos".

Belo público, à espera de um i-SMS (o "i", no caso, vem de inteligente).


Quanto tempo ficamos na Internet

Já somos 18,5 milhões de brasileiros pendurados na Internet, a partir de conexões domiciliares, um crescimento de 2,6% em julho último, comparando-se com o mês anterior.

No segundo trimestre, de acordo com sondagem do Ibope/NetRatings, "o total de pessoas com mais de 16 anos com acesso à internet em qualquer ambiente (casa, trabalho, escolas, universidades e outros locais) atingiu 36,971 milhões, um aumento de 13,5% sobre igual período do ano passado".

Em média, cada brasileiro ficou 23 horas e 30 minutos conectado, em julho, um recorde mundial, à frente do verificado nos Estados Unidos (19h52), Japão (18h41), Alemanha (18h07) e Austrália (17h51),

sábado, 18 de agosto de 2007

Podcast dá dinheiro

Tenho incentivado os alunos de jornalismo a pensar em podcasts como trabalho de conclusão do curso, em vez das repetidas monografias, dos sempre presentes vídeos, ou das muitas vezes titubeantes grandes reportagens.

Sem êxito, por enquanto.

Mas não tenho dúvidas: o podcast é um interessante nicho de mercado.

A empresa de pesquisa Emarketer comprova isso. Segundo ela, nos Estados Unidos os investimentos em propaganda dentro dos arquivos de podcast movimentarão US$ 240 milhões no ano que vem, contra os US$ 80 milhões registrados em 2006. Serão US$ 400 milhões em 2011.


E um público de 15 milhões de ouvintes em 2010. Loucos por conteúdo. Pense nisso.

Salvador em Pauta

Este é um trabalho de alunos da matéria Agência de Notícias (curso de Jornalismo da FTC-Faculdade de Tecnologia e Ciências, em Salvador).

Mostra um pouco do Elevador Lacerda e do que ocorre nas madrugadas da cidade.

No que dá ser despreparado

O vídeo mostra o trabalho de um "jornalista" (assim mesmo, entre aspas).

Ele tenta entrevistar Rodrigo Amarante, músico da banda Los Hermanos.

O problema é que o "jornalista" (não vale a pena saber quem é) aparentemente recebeu uma pauta já com a pergunta sugerida e não lhe passou pela cabeça ler sobre a banda, pesquisar a respeito de sua trajetória.

Lascou a pergunta que lhe mandaram fazer e, como estava absolutamente despreparado para a função, acabou humilhado pelo músico.

Amarante mostra exemplarmente o que merece ser feito com um repórter preguiçoso.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Boa notícia para os jornalistas

Os usuários da Internet passam 47% do tempo de navegação lendo, ouvindo ou vendo conteúdos, um aumento de 37% nos últimos quatro anos.

Essa é uma das conclusões de estudo da OPA-Online Publishers Association.

O tempo utilizado com e-mails ou mensageiros como o MSN, por exemplo, caiu 28% (de 46 para 33%).

O maior interesse por conteúdo é uma boa notícia para os jornalistas.

Melhor ainda porque esse crescimento parece consistente. Em 2003 o conteúdo tomava apenas 10% do tempo de navegação.

domingo, 12 de agosto de 2007

Onde encontrar trabalho

Marco tem 5 milhões 200 mil amigos, mora em San Francisco e gosta de praia, jogging e dança.

Você pode saber mais sobre ele, lendo seu perfil no Dogster, um serviço online de redes sociais com fotos de animais de estimação, vídeos, diários e dicas de viagem caninas.

Sim, Marco é um cachorro, da raça schnauzer, e tem quatro anos.

Assim como o Dogster, há vários outros sites voltados para nichos de mercado, uma opção que pode ser maravilhosa para os jornalistas.

A maioria dos estudantes de Jornalismo pensa em procurar emprego nos grandes veículos de comunicação como os da mídia impressa, emissoras de rádio e TV.

Quase nenhum deles consegue. Esses empregos estão acabando.

Mas há um mundo de oportunidades, à espera de empreendedores. A Internet possui a maior parte delas.

Os profissionais norte-americanos já descobriram isso. Há sites (à espera de conteúdo) para os adeptos dos gatos, automóveis, calçados esportivos, etc.

E outras áreas, com milhões de interessados, sem representação adequada na web.

Exemplos de nichos de mercado:

E um baiano imperdível, sobre a ditadura - Diários da Ditadura

sábado, 11 de agosto de 2007

Quanta informação temos na web?

Tente imaginar 12 pilhas de livros, cada uma indo da Terra ao Sol.

Teríamos, aí, uma quantidade absurdamente grande de informações, correspondente a 3 milhões de vezes o que se encontra em todos os livros já publicados.

Pois é o que estará na Internet dentro de três anos. Serão 988 exabytes de informação, seis vezes mais do que temos hoje.

Os números estão no estudo "Universo Digital em Expansão", da IDC e EMC Corporation.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

O jornalista do futuro

O conhecimento do idioma e das técnicas de apuração e construção do texto jornalístico já não bastam.

O jornalista hoje precisa conhecer áreas até pouco tempo domínio de profissionais como o analista de sistemas, o programador de computadores ou o designer.

Será que as escolas estão acompanhando essas mudanças, ou viraram as costas para o mercado?

É preciso repensar as Faculdades de Jornalismo, defende Guillermo Franco, editor de Eltiempo.com.

Segundo ele, há falta de profissionais que possam levar à Academia a visão do que está acontecendo no mundo real.

Acompanhe cinco milhões de blogs

Como saber o que de mais importante está sendo publicado por cerca de cinco milhões de blogs, em todo o mundo?

Simples: acessando o Tailrank. O site varre a blogosfera e escolhe as melhores notícias.

Para isso, usa um algoritmo que privilegia a troca de links, o texto das postagens, a relevância do texto, etc.

A morte das agências - Nessa verdadeira teia de comunicação, ainda há lugar para um modelo de distribuição de notícias baseado no uso de correspondentes estrangeiros?

Certamente, não.

Uma nova experiência está sendo tentada pelo Nowpublic, utilizando o trabalho de colaboradores e jornalistas autônomos.

Como ocorre com a mídia impressa, as agências de notícias precisam se reinventar. É isso, ou a morte.

Estamos fora do mapa

Os números foram levantados pela revista Business Week, que listou as 30 cidades mais importantes no mundo, levando-se em conta o número de postagens e comentários em blogs.

Quantas ficam no Brasil? E na América do Sul? A resposta é a mesma para as duas perguntas: nenhuma.

De acordo com a revista, 76% da blogosfera fala inglês, e 60% dos blogs estão nos Estados Unidos.

As 30 cidades mais importantes:
  • Nova Iorque
  • Los Angeles
  • Londres
  • Chicago
  • Roma
  • Madri
  • Toronto
  • Houston
  • Washington
  • Atlanta
  • Paris
  • Seattle
  • San Diego
  • Austin
  • Minneapolis
  • Denver
  • San Francisco
  • Portland
  • Dallas
  • Cingapura
  • Saint Louis
  • Jacarta
  • Área do Brooklin (em Nova Iorque)
  • Filadélfia
  • Cidade do México
  • Montreal
  • Beijing
  • Moscou
  • Mumbai
  • Columbus

Leia a reportagem da Business Week (em Inglês)

O ano da virada

A publicidade na Internet ultrapassará a dos jornais em 2011, portanto daqui a quatro anos.

A previsão é da VSS (Veronis Suhler Stevenson) uma firma de capital de risco que investe em mídia deste 1987.

No ano passado, a imprensa escrita ficou com US$ 55,7 bilhões do bolo publicitário, e a televisão com US$ 48,7 bilhões.

Segundo a VSS, em 2011 a publicidade na Web somará US$ 63 bilhões.

sábado, 4 de agosto de 2007

Como enganar os leitores

A corrida pelo furo e a avalanche de informações despejada nas redações pelos chamados "jornalistas cidadãos" são a desculpa para a divulgação de informações sem a checagem dos fatos.

Resultado: cresce o número de notícias falsas, de montagens às vezes grosseiras entregues ao leitor como verdade.

Mesmo publicações importantes se deixam enganar e acabam, por sua vez, enganando a seus leitores.

Um desses casos envolveu o UOL após o acidente ocorrido em Congonhas, no mês de julho passado, quando um avião da TAM explodiu sobre um prédio da própria empresa.

O UOL publicou em sua home-page, dia 18/7, uma montagem enviada por um internauta como se fosse uma foto verdadeira. Via-se o prédio atingido pelo avião da TAM e uma pessoa em meio ao fogo.

A legenda: "Flagra de internauta: pessoa pula de prédio em chamas". Era mentira.

Veja como saiu no UOL:

Abaixo, a foto original:

A montagem:



Leia a explicação do UOL

Como fazer um bom comentário

Os conselhos são de Daniel Rodriguez, no blog Bulma.

Para começar - ensina -, leia o texto. Em seguida, veja os comentários já feitos (até para não correr o risco de repeti-los). Por último, verifique a data em que o artigo foi escrito. Você pode estar lendo agora um assunto antigo.

São muitos os conselhos de Daniel Rodriguez. Vale a pena lê-los (em espanhol).

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Saiba o que é "crowdsourcing"

"Crowdsourcing" (ou multidão de fontes, em uma tradução livre) é a palavra do momento, em jornalismo.

Robert Niles, do Online Journalism Review, considera que o "crowdsourcing" é a maior revolução do jornalismo online.

O termo indica a participação de um extenso grupo de leitores na confecção de uma reportagem.

Exemplos dessa multidão de fontes, as diferenças para uma enquete e para o jornalismo participativo estão discutidos no artigo "Um guia de crowdsourcing para os jornalistas" (em Inglês).

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Manual de sobrevivência para os jornalistas

Já ouviu falar em Mojo? E em Crowdsourcing?

Se você é jornalista, ou estuda Jornalismo, separe algum tempo, rapidamente, para ler sobre isso.

São termos que estão abrindo perspectivas interessantíssimas para o jornalismo, nos Estados Unidos.

"Mojo" vem de "mobile journalist", um profissional que já não sai às ruas com bloco de anotações e caneta.

Leva equipamentos que lhe permitem produzir fotos, arquivos de áudio e vídeo, e transmitir informações rapidamente para a web.

"Crowdsourcing" (multidão de fontes, em tradução livre), é uma prática que incorpora às reportagens a colaboração de literalmente uma multidão de leitores.

Os dois conceitos e muito mais estão no livro "Journalism 2.0: How to Survive and Thrive" (Jornalismo 2.0: Como Sobreviver e Prosperar).

Baixe uma cópia do livro, em PDF (gratuitamente)